Comitiva do IFS contribui no pontapé inicial do XI CBA
- Por Marcio Santos
- 27 de ago. de 2018
- 3 min de leitura

"Um sonho sonhado só é apenas um sonho.
Um sonho sonhado junto...torna-se realidade"

Na última semana, entre os dias 23 à 26 de agosto, Aracaju reuniu diversos representantes de instituições, organizações, movimentos sociais e amantes da agroecologia de vários estados do país, a fim de construírem juntos o XI CBA - Congresso Brasileiro de Agroecologia, que será realizado em 2019 na capital sergipana.
Chamado de I Seminário de Construção do XI CBA (ou I Pré CBA), o evento ocorreu em três lugares e em momentos distintos: dia 23, no auditório de Zootecnia da UFS - Universidade Federal de Sergipe; dias 24 e 25 no Convento Recanto Franciscano (Orlinha Pôr-do-sol, bairro Mosqueiro); e no dia 26 no povoado Boca da Mata, em Canhoba-SE.

No primeiro dia (23) ocorreu a roda de debate sobre Pesquisa e Políticas Públicas em Agroecologia. A indissociabilidade entre a educação, pesquisa e extensão, as dificuldades na efetivação de políticas públicas desde o período do golpe e a importância dos saberes tradicionais, dos guardiões de sementes, da juventude e das mulheres delinearam o tom do debate. Como destaque, as significativas vivências de campesinos com a agroecologia e a valorização e resgate dos cantos populares, demonstrada por Dona Josefa (guardiã de Sementes de Simão Dias); a importância da juventude e movimento estudantil para agroecologia e construção do CBA, falado por Josefa Paula (uma das coordenadoras do CAAP); os espaços de reconhecimento das religiões e culturas afro-brasileiras como premissa da própria agroecologia; e as barreiras colocadas para agricultores familiares na comercialização de produtos orgânicos e agroecológicos com base na economia solidária em Sergipe, citado pelo agricultor familiar e vendedor de produtos agroecológicos Tiago Rodrigues.

Os dois dias posteriores (24 e 25), numa miscelânea de caras, cores, credos e sonhos, foram dedicados a própria construção inicial do XI CBA, ocorrendo diversas metodologias participativas, evidenciando que todo processo seria pautado pela coletividade, respeito e compreensão do lúdico (arte e cultura) não como um instrumento ou ferramenta de entretenimento, mas, sim, como um meio amplo e fértil de construção de conhecimento e fortalecimento de identidade dos povos. O Grupo de Teatro Raízes Nordestinas, que integra uma das brigadas do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA) de Sergipe, utilizando o teatro pedagógico para contextualização da realidade rural e atuação política do campesino, interviu brilhantemente em diversos momentos nas atividades no Convento Recanto Franciscano.

A comitiva do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe (IFS), campus São Cristóvão, composta pela professora e coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia, Eliane Dalmora, pela egressa do curso e Agroecóloga kauane Batista e pelos acadêmicos Marcio Santos, Rafael Ezequiel, Dayane Santos, Jonata Santos, Raphaela Silva, Maria Silvestre e Emily Santos, representaram a instituição participando efetivamente de todas as atividades, contribuindo no pontapé inicial do XI CBA, tendo como destaque a mistica de abertura do dia 25 e o ingresso e compromisso de continuidade das ações na comissão de "Comunicação, Arte e Cultura", liderada por Priscila e Kauane. Também ocorreu durante o evento uma reunião entre componentes do NEA / IFS, NEA / UFAL, NEA / UFRPE e NEA / UFBA, em que foram traçados planejamentos e alianças para a reunião da RENDA - Rede Nordeste de Núcleos de Agroecologia que ocorrerá durante o V Encontro de Agroecologia do Agreste de Pernambuco I Seminário Internacional Agrofamiliar de Agroecologia e Sustentabilidade, em Garanhuns-PE.

O desfecho das atividades no Convento, encerrando o primeiro ciclo de sonhos e planejamentos, se deu com o marcante Cortejo pelo povoado do Mosqueiro, animado pelo Grupo de Samba de Coco do Mestre Diô, colorindo e ocupando as ruas e celebrando o por do sol às margens do rio Vaza Baris. Até novembro de 2019 serão 14 meses de trabalho coletivo e de ações descentralizadas por todo o Brasil, com as orientações e parcerias da ABA - Associação Brasileira de Agroecologia, ANA - Articulação Nacional de Agroecologia, REGA - Rede de Grupos de Agroecologia, RESEA - Rede Sergipana de Agroecologia, RENDA - Rede Nordeste de Núcleos de Agroecologia, Embrapa Tabuleiros Costeiros, Redes Federais de Ensino (IF's e UF's), e dos Movimentos e Organizações Sociais.

No último dia do evento alguns dos participantes viajaram ao povoado Boca da Mata, em Canhoba-SE, a fim de comemorarem os 37 anos do assentamento, local com grande carga histórica por ser originário de engenho de escravos, e prestigiarem a Romaria da Terra e das Águas, que contou, além da Pastoral da Terra, com diversos movimentos e autoridades, tendo como elemento fundamental a cultura popular, camponesa e religiosa, afirmando ser um importante espaço de fraternidade, celebração pelos saberes e povos tradicionais, luta pela democracia e justiça social e produção da agricultura familiar nos territórios.
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